Pela preservação da arte de ler e de escrever
Quando
preferir assistir a um filme dublado, em vez de legendado, para não ter que ler
o próprio idioma na tela era o único sintoma, não parecia tão chocante, afinal
as letras poderiam ser muito pequenas, não havia o costume de acompanhar a ação
visual e, ao mesmo tempo ler os diálogos. Comodidade sempre foi um bom
argumento para qualquer coisa.
Agora, entretanto, salta aos olhos o
quase asco da população pela escrita tradicional, pela leitura...É imperioso
que as mensagens estejam em formato de áudio, e mais, que sejam curtos! Caso
esteja aliado à imagens, melhor ainda, é mais fácil!
Surge o susto absoluto da
possibilidade de a escrita desaparecer como a conhecemos, mesmo que em longo
prazo. A leitura muito mais rápido! Então é justo divagar a esse respeito;
vamos além, é imprescindível. As novas tecnologias facilitam a comunicação ao
extremo, mas apagam do cérebro do ser humano comum a capacidade de ler e
escrever. O tornam incapaz de decodificar o código e entender as sutilezas da
escrita, a beleza da leitura. E um povo que não consegue se comunicar dessa
maneira fica extremamente desprotegido, maleável à dominação intelectual,
impossibilitado de transformar o que lê em imagens e sons em seu próprio
cérebro.
Enquanto a tecnologia parece incluir
mais pessoas no debate político e social do dia-a-dia, em comparação com a
pobreza de ideias com as quais costumam colaborar faz pensar em uma inutilidade
quase que completa, porque apresentam a propensão a repetir o que os formadores
de opinião disserem, sem contestação ou reflexão.
A
escrita é e sempre será um elemento forte na eternização da história, além de
polir a mente, afiar a imaginação e instigar as pessoas a raciocinar claramente
e decidir por si mesmas de acordo com a análise das diversas opções.
A tecnologia não deveria anular o
poder da escrita e da leitura. E não o faz. Mas causa uma preguiça inominável
em grande maioria, tornando perigosa a existência da arte de saber ler e
escrever para as próximas gerações.
Marcelo Gomes Melo
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