O século do egoísmo e do individualismo
O
individualismo e o egoísmo são as marcas principais desse século,
inevitavelmente. O mundo encurtou, globalizou-se, os povos começaram a trocar
ideias através de tecnologias úteis e importantes, mas, assim como a TV do
russo Vladimir Zworykin, no século XX, tomaram rumos diferentes dos
originalmente prescritos a cada um.
A ideia para a TV era que fosse uma
fonte de cultura e informação
imparcial,
consciente e confiável, realizada com intenção de educar, alcançando distâncias
cada vez maiores, obtendo resultados dignos de comemoração histórica. Não
aconteceu. A TV hoje é um mero instrumento de manipulação das massas, um
elemento importante de fazer muito dinheiro, comercializando a tudo, inclusive
a vida das pessoas.
Com as novas tecnologias acontece a
mesma coisa, mas, surpreendentemente, ferramentas, quase sem querer, permitem
que indivíduos se manifestem, debatam e argumentem livres de censura, o que é
ótimo, embora não o suficiente.
Há um paradoxo imenso em para que toda
essa tecnologia foi criada e como é utilizada. O que supostamente aproximaria
as pessoas, as tornou egoístas e individualistas.
Ninguém conversa durante meros dez
minutos sem a extrema necessidade de falar de si mesmos. É a primeira pessoa do
singular exercida ditatorialmente, embora muitos não saibam qual é a famigerada
primeira pessoa do singular da língua portuguesa.
Todos
querem falar, embora poucos queiram ouvir. É a verdadeira Torre de Babel. Talvez
por isso o estresse seja o mal que degrada sociedades inteiras. Muitos
caciques, poucos índios, todos usando o imperativo para se auto afirmar perante
os seus pares. Tudo é palco e todos querem ser atores, sem se lembrar de que
atores são os que recebem para viver diversas outras vidas, todas ficcionais,
abandonando a própria vida a um plano descartável. E no fim da carreira pode
ser impossível resgatar a vida real, acabando por se perder em um imenso e gelado
vazio aterrador.
Marcelo Gomes Melo
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