O universo da vida de cada um
Eu
não quero tema livre. Quero que você me aponte, sutilmente, com os olhos, o
local em que devo aportar o meu navio. Desvie o seu olhar do meu em seguida,
levemente ruborizada, e externe o desejo febril de que eu invada o recôncavo
cujas bordas ladearei, lambendo como aquela onda espumante que se estatela
contra a praia, umedecendo areia, tornando-a amolecida como as suas pernas,
prontas para serem manuseadas, amassadas e desmanchadas ao sabor dos meus
instintos; será o lugar em que construirei o meu castelo. Depois estenderei o
meu domínio lentamente, concentrado mesmo sem conseguir ignorar os seus
sussurros sedentos, os seus movimentos talentosos para todos os lados,
desafiando a lei da gravidade, ponto final da minha lucidez terrena,
terráquea...
Não
enxergo imperfeições em você! As minhas terão que servir para nós dois. O tema
principal, único, é o labirinto infinito que promete delícias inacabáveis a um homem ferido pelo frio
constante e fome inconteste dos desmemoriados, dos marginalizados pelo senso
comum.
Irei
e virei em você, fruto do livre arbítrio do amor, que alimenta a cada um com o
que lhes falta e ainda constrói algo impossível de definir, que paira para
sempre no pensamento dos poetas e no perfume das flores.
Quem
sabe é esse o princípio filosófico do centro do poder das mulheres, que não
termina e se distribui como estrelas pelo universo da vida de cada um. Nós,
homens, somos a noite infindável, esculpidos pelo firmamento até que o dia
amanheça.
Marcelo Gomes Melo
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Seu feedback é uma honra!