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Aquela mão quentinha e macia para segurar


O barato é que no sábado as asas se abrem e a rapaziada quer dançar e se divertir! Não há fim, estou lhe dizendo, só há começo e curtição. Um perfume mascarado, a roupa de batalha, cabelo no estilo pessoal, poses em frente ao espelho, balas de meta e chiclete.

A tarde se transformando em noite e o encontro com a tribo no local previamente aprazado, todo mundo ligado, planos para entrar em ação na pista de dança, preparada com talco, passos ensaiados, aquele olhar criminoso de amor feito para destruir qualquer possível resistência.

Os grupos, os cumprimentos personalizados, as bebidas e os esquemas de troca de olhares, cochichos e a coragem para colar na garota. Tomar uma tábua não era opção, então um esquenta na pista servia para chamar a atenção para o modo descontraído e divertido de ser. Deslizar  pela área de dança iluminada com destreza, sorrisos e batidas de mão concomitantes acompanhando as peripécias do DJ, piscadelas e toques que as meninas fingiam não ver, mas o sorrisinho desmentia completamente, e eram o encorajamento necessário.

Curta o balanço, chacoalhe a cabeleira, demonstre os seus talentos, comente com os amigos, analise as chances de se dar bem, a seleção de músicas lentas, românticas está para começar, noventa minutos seguidos sob luzes escuras para abraçar uma cachofra e sussurrar docemente em seu ouvido, convencê-la de que você é o melhor para beijar e curtir a madrugada juntos. E depois, quem sabe, algo mais.

Um dando força para o outro, ninguém sai sozinho; Jimmy Bo Horne ditando o ritmo, os oitenta tramam a movimentação da juvenília, só o que interessa é curtição monumental. É agora, moleque! Cruzar o salão de cabeça erguida, gingando perfeitamente, o coração aos pulos, o olhar confiante, caminhando em direção ao abismo ou da iluminação. Direto em direção da garota com a qual trocara olhares durante os balanços, um respirar fundo, um olhar 43 e o convite: vamos dançar? Quinze segundos de morte, a autoestima em jogo e... Sim!

Aaahhh! Aê, garoto, a noite está linda! Noventa minutos e o olhar de aprovação dos amigos, cada um partindo para buscar a própria chance, com maior ou menor timidez, mas todos decidindo o rumo de sua vida amorosa no fim de semana.

Nos oitenta era apenas isso que importava, cabano. Viver desesperadamente bem e superficialmente, aquela mão quentinha para segurar e a vida para detonar!

 

Marcelo Gomes Melo

 

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