A copa prestes a começar,
o medo de que o povo se preocupe mais em protestar para a resolução de seus
problemas do que em torcer ainda é palpável, e cabe aqui uma constatação
terrível para todos, no que se refere a uma área profissional importante para a
sociedade: o jornalismo esportivo está sendo extinto!
Que esse tipo de jornalismo sempre foi considerado o
patinho feio da área pelos que escolhiam exercer jornalismo político ou
econômico, reportagens investigativas e documentais não é novidade alguma por
quem acompanha todos os tipos de mídia regularmente. Apesar dessa discriminação
velada dos colegas de profissão que se consideravam mais importantes do que
esse tipo de jornalismo supérfluo, vimos a modalidade mídia esportiva crescer
tecnologicamente, dá espaço a grandes jornalistas para fazer trabalho investigativo
de qualidade, imparcial, tornando a cobertura esportiva essencial.
Hoje, diversos canais esportivos lutam pela audiência de um público cada vez mais interessado, que
acompanha, participa, emite opiniões e entende, por isso se mostra exigente
quanto a qualidade do que está sendo entregue e dos responsáveis pela
divulgação das notícias.
Só que a chegada da copa no Brasil e sua cobertura cada vez
mais constante, a disputa ponto a ponto pela audiência tem se mostrado um
monstro aterrorizante que empobrece os trabalhos. As emissoras parecem se
contentar com audiência fácil, usando e abusando de tecnologia de ponta e
esquecendo que o verdadeiro jornalismo é feito essencialmente por excelentes
profissionais! Máquinas e efeitos especiais não são suficientes, são apenas recursos,
mera casca, e auxiliam a quem sabe manipulá-los em favor da notícia acima de
tudo.
É fundamental que o jornalismo seja exercido por
profissionais capacitados. Gente que se esforçou, estudou, se preparou nos
bancos de universidades, saibam falar de improviso sem assassinar a língua portuguesa
culta, demonstrem conhecimento do que falam!
As televisões escolheram o oposto. Enfiaram dezenas de ex-jogadores
cheios de dinheiro no bolso, mas que não utilizaram parte disso para estudar e
aprender antes de empunhar um microfone e se comunicar com milhões de
telespectadores de maneira Inteligível.
O que presenciamos então são comentários inúteis,
repetitivos, decorados como as respostas que davam no tempo em que jogavam
profissionalmente, sem acrescentar nada fortaleça a compreensão. Não há nenhuma
intenção jornalística, apenas opiniões vazias, elogios e mais elogios de
parceiro para parceiro, incutindo no adolescente que assiste a noção de que não
é preciso estudar, adquirir cultura, saber ler e escrever, preparar-se para a
profissão que escolheram. Basta jogar futebol e depois que parar assumir uma
vaga como pseudo jornalista, na vaga de jovens que rumaram caminhos mais
difíceis, almejando ser um profissional de verdade.
A predileção das emissoras por esses ex-jogadores advém da
chance de alcançar locais que nenhum profissional acessaria, a intimidade dos
astros nas concentrações e informações privilegiadas de cunho pessoal; fofocas
e nada mais.
A cobertura da copa está descaracterizada! Não haverá
jornalismo sério, investigativo; não haverá comentários bem estruturados, num
idioma compreensível e correto, informando e contribuindo para o enriquecimento
do espectador.
Agora parece que aquela velha observação feita pelos
jornalistas de outras áreas de que o jornalismo esportivo era sem importância,
menor, parece cada vez mais plausível, pois a cobertura é feita cada vez mais
por não profissionais.
Dá para imaginar se assinantes de TV a cabo, que pagam caro
esperando uma cobertura de qualidade, informativa, sem babação de ovo e
ausência de críticas por conta da amizade entre pseudo jornalistas e jogadores
de futebol estão realmente satisfeitos com programas que derramam sobre eles
tanto lixo disfarçado de informação, tanto despreparo e torcida fanática de
quem deveria agir como observador imparcial e correto.
Estará o jornalismo esportivo transmutando para nova
modalidade que mistura marketing, palhaçada desnecessária, dinheiro e
inverdades, realizada sem a necessidade de profissionais intelectualmente
formados e conhecimento didático da profissão? Só o tempo dirá.
Marcelo
Gomes Melo
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Seu feedback é uma honra!