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Corrida de trator

- Vamos.

- Não.

- Ah, vamos! Lá nós bebemos alguma coisa...

- Eu não bebo, esqueceu?

- Um guaraná! Nós bebemos um guaraná, ficamos confortáveis e iremos garantir a diversão por, pelo menos quatro horas.

- Não adianta, já disse que eu não vou. Não é não.

- Eu sei que não é não, talvez é sim, e sim é sim! Como é um programa legal e nós somos namorados, e não meros ficantes, estou insistindo. Peço perdão. Não convidarei mais.

- A que horas?

- A que horas o quê?

- Você quer ir. A que horas?

- Começa às 13h00. E eu não quero ir sozinho. E muito menos acompanhado por dó.

- Não é dó. Somos namorados, você tem razão. Só não quero ficar toda lambuzada. Voltar para casa toda lambuzada.

- Se for esse o problema, não se preocupe! Todos os casais que vão acabam lambuzados. E todos dão um jeito. A diversão é garantida. Tem música, tem vídeo para despertar os sentidos antes do começo da maratona...

- Maratona?

- O bicho é bruto, garota, não se engane. A resistência é o primeiro requisito. Habilidade também. Acelerar na hora certa do final...

- Você parece ser experiente nisso, hein?

- Modéstia à parte, sim. Só não lhe levei antes por constrangimento. Você recusar e me deixar frustrado. Na família nós fomos incentivados a começar cedo e virou tradição. Era uma outra época.

- Agora eu quero ir! Você despertou a curiosidade; e se vamos ficar juntos por muito tempo, em algum momento terei que estrear.

- Assim é que se fala, meu amor! Vamos, que preciso comprar os tickets e garantir um lugar legal. Dias como hoje tem até espera!

- Tenho que ir em casa trocar de roupa!

- Não se preocupe, bobinha, está vestida do jeito certo. Esse vestidinho sexy lhe deixa ainda mais maravilhosa.

E então foram. O lugar era privilegiado. Um morro perto da rua de terra cheia de buracos enlameados, chuva fina e persistente, muitos casais excitados, com as preferências pessoais.

Ali de onde estavam eles veriam tudo, ouviriam o ronco persistente, os guinchos esganiçados e barulhos de marchas sendo trocadas com violência. Começou pontualmente. Um apito estridente, bandeirada e... A corrida de tratores começou. A vibração era enorme, a gritaria incessante, a torcida fiel aos seus tratores preferidos. A lama espirrava em direção à plateia, que ficava imunda e feliz.

Uma hora e meia depois de ultrapassagens, luta e tratores fora da corrida, o vencedor cruzou a linha e comemorou efusivamente ao erguer o troféu.

Para a torcida qualquer um que fosse vitorioso seria louvado e aplaudido. O importante era estar posicionado no lugar certo, que era a entrada da única trilha que dava em uma rua de terra, cercada por matagal que dava para um prédio na outra esquina, pequeno e simples com uma placa enorme piscando em luzes vermelhas: “Motel, há vagas. Quartos com chuveiro, água quente”.

- Vamos, vamos! Precisamos chegar a tempo de conseguir um quarto!

- O quê?!

- Não vai querer voltar para casa assim, vai? Só tem aquele lugar discreto para tomarmos um banho. E eles ainda lavam, secam e passam as roupas. Em quatro horas! Vamos!

E saiu correndo com ela, de mãos dadas, arrastando-a para serem um dos primeiros casais a adquirir um quarto. Grande corrida de tratores! O resto era história.

 Marcelo Gomes Melo

 


 

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