O mantra que guarda o significado da vida
Arranje
um mantra noturno que arranhe a garganta e assuste até as paredes na penumbra e
o repita incansavelmente até a morte.
A morte das antigas concepções e das
novas decepções que impulsionam as dores intencionalmente a conta gotas para
magoar mais, fazer relembrar mais, a duras penas, um chicote sibilando as
pontas de couro e abrindo sulcos profundos em uma mente deteriorada pelas
verdades suprimidas e mentiras reprimidas, misturadas com a confusão inóspita
que é viver.
Caminhando entre milhares sem um olhar
de apoio, um gesto de compreensão... Eles não entendem. Jamais entenderão o
funcionamento de algo que não o possuem. Cérebro.
Pensar é um dom quase particular que o
encaminha para a morte sem a necessidade de senha; sem fila. Você compreende
antes e se revolta, mas a sua rebeldia só lhe tornará um candidato a molde
oficial dos malefícios. Caso acrescente voz aos seus anseios, logo se
transformará em um mal maior, a quem temerão e desejarão a morte, o sumiço
sepulcral, a retirada do limbo que ainda contém claridade, uma luz difusa que
engana aos olhos cansados e acalma os estertores que possam vir a sentir.
O mantra. O maldito mantra noturno,
prêmio dos obsessivos, castigo dos inconformados, zumbido insignificante que
hipnotiza aos neutros, os que jamais chegam a existir de verdade.
Não veem, não sentem, não falam.
Servem de alimento à manada feroz que vislumbra a violência como paraíso em uma
existência de perda e dor.
O
mantra é eterno. Guarda em si mesmo o procurado incessantemente significado da
vida.
Marcelo Gomes Melo
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