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Relato poético de um detetive de homicídios




            Desmaiou ao ver aquela compilação de vidas extintas exposta no mesmo local, com a frieza de uma exposição de quadros modernos de natureza morta. Por isso não se sabe se estava consciente ao receber a porretada na cabeça a meio caminho entre o tombo e o chão.

          Os cadáveres, dispostos em ordem obsessiva observavam a tudo, inertes, impassíveis e distraídos da mesma forma que em um filme de zumbi.

          O sangue escorreu, escuro, como um rio entre as montanhas formadas por corpos encolhidos. A visão de baixo para cima oferecia um ângulo diverso de um vulcão sangrento, com os respingos vermelhos espalhados pelas paredes, ao lado dos mortos que estavam empalados. Era uma mostra do inferno conforme o entendimento do autor da chacina?
          Em um dos cantos, uma serra elétrica jazia, lambuzada por sangue e pedaços pequenos de carne humana esfacelados. Um facão quebrado ao meio permanecia aos pés de um dos mortos, apontando o lugar exato em que se encontram a outra metade.
          Se havia almas, ali, não era possível dizer. A turma de capa branca de plástico e luvas entrava para fazer o seu trabalho, e os técnicos recolhiam as evidências com cuidado, embalando-as.
          O suspeito estava lá fora, na escada, de cabeça para baixo, ensanguentado, segurando firme, por conta do rigor mortis, um revólver velho, bastante usado, aparentemente.
          Os inúmeros curiosos, incluindo jornalistas que cumpriam pautas para programas policiais, permaneciam no entorno, atrás da faixa amarela. Os comentários em voz baixa feito pelos presentes eram mórbidos, de acordo com a necessidade que tinham de ver a desgraça, filtrar a maldade e emitir pareceres “de religiosos a fofoqueiros” aos quatro cantos.



          Nosso trabalho de investigação começa agora, ouvindo os vizinhos, analisando as provas, descobrindo a história de cada um até aquele ponto final... Essa será mais uma madrugada de muita ação.



Marcelo Gomes Melo
 

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