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Os movimentos populares não mais tão movimentados


“Seu pai é louco/Seu pai enlouqueceu/Seu pai é louco/Mata ele, meu!/Sua mãe só fala abobrinha/Sua mãe só fala groselha/Sua mãe só falha na sua/Mete a navalha na velha!”


O punk rock no Brasil influenciou uma garotada da classe média, frequentadores de bons colégios e lugares legais, bem cuidados e amados pelos pais, assim como os amavam igualmente, e, por meio da música rebelde de uma juventude inglesa criada em um período de recessão e pobreza que os impedia de conquistar um espaço digno na sociedade como cidadãos trabalhadores e consumidores, vítimas de uma educação repressora que ainda assim não os impediu de produzir um movimento artístico poderoso e contundente, que se espalhou pelo mundo pregando o “faça você mesmo”, acabou aprendendo valiosas lições de história que talvez não recebessem nos bancos escolares.
         A diferença é que no Brasil os garotos pobres que viviam em condições ainda mais precárias do que a do proletariado inglês não se identificaram tanto quanto os da classe média; então, versos como os acima destacados, da banda “Komedores Di B”, berrados a plenos pulmões enquanto um baixo, duas guitarras e bateria eram massacrados sem dó, em nada refletia o pensamento dos garotos, que não eram psicopatas pregando o ódio aos pais. A adrenalina que rolava era eliminada no palco e não costumava se transformar em violência e morte, sexo generalizado e doenças incuráveis. 



           Parece que os movimentos musicais não são mais os mesmos. Os tempos são outros. Perderam atitude, qualidade, coragem e consciência. Hoje não conseguem verbalizar a insatisfação por coisa alguma de modo objetivo e claro.
          A monotonia é a característica mais gritante de uma geração sem rumo como todas as outras, mas que não se importam em continuar girando em círculos eternamente. Jamais chegarão a lugar algum que não seja o fundo do poço.



Marcelo Gomes Melo

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