Governados pela escória dos porões das profundezas dos infernos?
O
impensável nos persegue diariamente. Ele é o responsável pelos pensamentos
detidos antes de virar ação, que se tornem maléficos aos outros e a nós mesmos.
Acreditar que o impensável existe
controla os impulsos mais hediondos, mas isso geralmente é contornado via de
regra pelo imponderável. Ele dribla todas as convenções, apaga o medo total e
permite espaço apenas aquele friozinho no estômago, um leve tremor nos lábios
que impulsiona ao querer mergulhar profundamente num mar de assombros.
Funciona
como o riso, esse tal impensável; o riso é moralizador. Em qualquer situação
constrangedora é o primeiro a surgir, para que os presentes amenizem o medo
pessoal de que a má situação acontecesse com qualquer um deles.
A sociedade, então, determina que uma
série de coisas são impensáveis e incute no cérebro de cada cidadão, como
garantia de manutenção da ordem para o progresso.
E quando isso tudo falha? E
constantemente falha, com toda certeza, causando inúmeras situações
impensáveis. É impensável a existência de pedofilia; é impensável que políticos
roubem aos que devem proteger; é impensável que saúde e educação sejam
dispensáveis a ponto de perderem o poder de firmar pontos de vista, criar
indivíduos sãos e com credibilidade; é impensável que religiões virem artigos
de consumo e ferramenta para enriquecimento de poucos e dominação fácil; é
impensável que conceitos sejam revertidos literalmente a cada segundo com o
intuito de entontecer multidões e destruir preceitos morais para valorizar os
financeiros; é impensável que haja tantos sociopatas e psicopatas disfarçados
no meio de uma população de cordeiros que bradam como porcos no matadouro. É?
Impensável? Que sejamos governados pela escória dos porões das profundezas dos
infernos?
Marcelo Gomes Melo
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