Em nome de quem?
Em
nome de quem você fala de amor? Em nome de quem você age como se fosse o ser
humano mais ético da face da Terra? Em nome de quem você vem do além para
assombrar à própria sombra com discursos manjados, expressões conhecidas no
rosto impassível, desprovido de raiva e de felicidade, uma máscara emborrachada
que se contorce de acordo com as manifestações que faz, sem nenhuma realidade, sem
nenhuma verdade transmitida. Nada que comova a quem lê as camadas interiores e
não se concentra apenas na superfície viciada e preparada para as câmeras e
convivência social.
Em nome de quem você finge estrebuchar
e, com lágrimas nos olhos lamenta as piores bizarrices, desculpando atitudes
macabras, não por que acredite, mas porque pode lhe retornar rendimentos
futuros, e essa é a sua razão de viver!
Em nome de quem você sorri
descaradamente e realiza tudo e ainda mais das coisas que critica em outras
pessoas? Em nome de quem você insiste em ganhar a qualquer preço, massacrando
ideais, destruindo rivais, ignorando as necessidades mais simples dos que lhe
rodeiam diariamente, enquanto segue com o olhar frio sempre à frente, imune aos
rastros de sangue que deixa no chão sob os sapatos envernizados.
Em nome de quem você ergue a voz contra
todos, acusando a gregos e troianos, ao mesmo tempo em que seca o suor que
escorre de sua testa com um lenço de linho, de uma forma que a pureza do
acessório arrancasse, metaforicamente, a hipocrisia e maldade de suas ações,
lhe tornando um escolhido por ninguém para fazer nada. Apenas um escolhido em
sua mente cavernosa e desproporcional à sanidade esperada de qualquer um,
principalmente a quem se considera um deus.
Em
nome de quem você diz lutar, se não beneficia a outra pessoa que não a si
mesmo? Você não tem os joelhos esfolados como os coitados os quais você julga
apalermados por depositarem todas as parcas fichas que possuem em algo
superior, quando para si mesmo o superior é você?
Em nome de quem você mente e furta,
rouba e perdoa a si mesmo com as desculpas mais esfarrapadas, surreais,
inacreditáveis? Em nome de quem você vem do além, futurista de ideias
retrógradas, modernista de modas ultrapassadas, construtor de destruição,
delator das impropriedades pessoais, engenheiro do que já foi feito, defensor
do indefensável...
Em nome de quem?! De quem?! Você é tão
comum entre a maioria de tolos...
Marcelo Gomes Melo
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