Civilização em movimento autodestrutivo
É
estranho para quem, de repente, percebe que tem história para contar, que viveu
determinada época que hoje faz parte da história, participou de ações que
mudaram a sociedade e criaram novos dogmas que à época pareciam comuns e hoje
ditam comportamentos.
Essa estranheza se dá porque tal
percepção equivale a reconhecer que envelhecemos. Citamos acontecimentos de há
trinta anos com conhecimento de causa enquanto a juventude que nos cerca apenas
ouviu falar. Isso significa que somos mais experientes e sábios ou meros seres
ultrapassados?
Os novos desígnios da juventude nos
soam absurdos porque estão calcados na agenda da mídia contaminada que distorce
fatos para estender a lavagem cerebral rapidamente, e faz parecer comuns
atitudes dantescas, principalmente para nós que envelhecemos.
Sobreviveremos o suficiente para lutar
contra a nova configuração ou sucumbiremos a ela, ficando marginalizados,
tratados como a um móvel antigo, superados e ignorados, inclusive desmerecidos
por quem segue o enterro sem ter conhecimento adquirido, mas busca cavar um
novo túnel para viver segundo as próprias regras, mesmo que sejam toscas e
tortas, e, na nossa visão envelhecida os levem a uma derrocada completa, ou
venceremos a guerra para manter os velhos hábitos após o nosso desaparecimento
físico, como por exemplo modelo familiar, importância religiosa. Noções de
convivência, ética e responsabilidade?
Civilizações somem. Dinossauros e
outros animais foram extintos. Dogmas viraram objetos de estudo e controvérsia.
Estamos envelhecendo e defendemos a bagagem intelectual adquirida como molde
indiscutível para viver com qualidade, no momento em que as novas gerações
escolhem maneiras diferentes das nossas, e que aparentam ser nocivas e
destrutivas. É assim que caminha o mundo, em potencial força de autodestruição
inigualável. Quem viver, verá.
Marcelo Gomes Melo
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