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Para morrer de tristeza...


 

         Para morrer de tristeza...

Para morrer de tristeza é preciso estar apaixonado, de verdade, durante a eternidade. É necessário discernir, mesmo cercado pelo que é nublado, a própria ineficiência em controlar esse amor.

Para morrer de tristeza é preciso estar completamente perdido entre os tremores do seu corpo, inebriado pelo perfume dos seus cabelos. Urge aguentar todo o sofrer sem subterfúgios, lutar para conservar a sanidade ante atitudes que só acontecem entre amantes, domar a insanidade para cavalgar nas noites de lua cheia, o suor escorrendo pelo corpo, a paixão se esvaindo e se regenerando.

Suportar as dores, rebelar-se, causar desconfortos em troca, perceber a loucura de um amor recíproco, atordoante, capaz de causar ferimentos constantemente, e ainda assim desconsiderar imediatamente, pelos momentos inesquecíveis, os pequenos gestos que demonstram atenção infinita às necessidades um do outro, independentemente das contendas selvagens e ciumentas que movem montanhas e cortam os céus com relâmpagos vorazes e trovões deslumbrantes.

Ao arrepio da pele, à sensibilidade de cada toque, à consciência de que nada vai terminar, porque é amor de nunca mais. E ao prolongar-se a distância e a frieza é definhar sem conserto, morrer a conta gotas, de tristeza pura, sem remédio.

Para morrer de tristeza é preciso desconectar-se dos sonhos por causa da incapacidade de apenas pensar na possibilidade de não mais possuir o amor, que agora é dúvida, embora não o seja.

Duvidar do amor é a arma mais letal existente. Eu estou morrendo de tristeza.

 


                      Marcelo Gomes Melo

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