Se todos os instintos são os caminhos para a realização dos pecados, quem possui a espada da absolvição será o verdadeiro culpado pela disseminação de cada um deles, usando o instinto para absolver os enganos os quais surgem literalmente movidos a sentimentos passageiros, mas devastadores, que arrasam e destroem, deixando escombros como o rastro de um cometa à velocidade da luz, repetindo-se geração após geração, imparável, inevitável, inacabável.
Instintos são inseridos nas consciências como uma arma com o intuito de desequilibrar. De vez em quando estão certos e impelem às reações mais inesperadas, por desagradáveis ou desarvoradas que sejam, levando a términos terríveis e indiscutíveis.
Será destino do ser humano carregar os seus instintos mais secretos em uma batalha infindável na qual o vencedor decide o rumo da vida do vencido? E no caso da vitória dos instintos, uma vida de culpa arrastará o ser humano para o fundo, solitário e derrotado, sem argumentos ou armas para sobreviver?
E se, no entanto, o instinto for dominado com força de vontade e caráter, não permanecerá à espreita, lá no fundo, aguardando um deslize, obrigando o ser humano a viver em alerta todos os segundos de sua vida? Como isso pode ser considerado uma vitória?
O meio termo é uma existência monótona, covarde, sem riscos e sem ganhos; apenas o incômodo de sentir vontade e não ter coragem, de jamais ousar, relegado a uma inutilidade dolorosa, cheia de vergonha e fraqueza, antecessores dos ultrassensíveis que acabarão magoados por coisas fúteis, agindo pelas sombras como ratazanas sorrateiras até que sejam de alguma forma esmagados pelo tosco viver.
O dilema da vida é impossível de resolver, porque a duração da existência é diferente para cada elemento, e não anunciada. Seres humanos habitam um círculo vicioso no qual a curiosidade e a capacidade de regular ou não os instintos darão as respostas sobre quem será e por quanto tempo o será, e cada resposta acontecerá de surpresa, indubitavelmente tarde demais.
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