Perda. Constante. Indelével. Letal. E as diversas reações de cada um às catástrofes pessoais que, de cada maneira específica atinge e confronta as atitudes de acordo com o nível de envolvimento, o momento e as implicações gerais da perda.
Uma vida envolve estranhas e necessárias variáveis, entre elas dor e perda; elas ressignificam a história pessoal e em grupo de cada um. A felicidade adoça as mentes, suaviza os corações e desaparece como o perfume de flores depois de horas, enquanto a dor da perda, tatuada e incrustada no coração a laser, riscadas na pedra indestrutível que protege as lembranças e as aciona sempre que possível, necessário para trazer os pés e a mente de volta à terra firme.
A sociedade humana tem algumas marcas gravadas no DNA, e uma delas é a tendência a prejulgar os outros tomando por base as próprias inseguranças e falhas. Pecados dos quais não têm consciência em si mesmos, apenas nos outros, e não imaginam que estão, como todos, em frente a um grande espelho, e o reflexo de cada um mesmo é o que é visto e exposto. Ingenuidade ou punição, não os permite perceber?
Não há como escapar das pessoas. Uns choram e se martirizam; outros culpam a vítima e o entorno; todos procuram fugir da parcela de culpa que lhe cabe de alguma forma. O sofrimento é igual. A duração depende do que farão para cumprir as etapas até que se livrem da pressão, ganhando alívio ao coração, sensatez à mente e equilíbrio à vida, não para sempre, por um período em que as probabilidades mudam e os caminhos a seguir também. O que fica é a dor da perda, nas profundezas do pensamento, quase esquecidas, mas prontas para vir à tona em ocasiões especiais. A felicidade é superficial, alegra a existência; a perda é inevitável e eterna, molda o caráter, traça novas existências, rumos nunca antes imagináveis para ninguém, e ninguém está livre desse acontecimento. Até que você se torne a perda, a razão das dores alheias.
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