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Para a aquisição de cultura é necessário ter educação

Os valores que você carrega desde o berço, as coisas que você aprende desde o colo, as situações que você visualiza de quem está próximo, do encarregado de lhe acompanhar desde a mais tenra idade, do responsável por sua sobrevivência, isso é o que lhe define.

A ética transmitida através dos mais puros gestos, o caráter formado,  pela compreensão no olhar, as atitudes gravadas através do tom de voz, a força apreendida do calor do abraço, é exatamente o que lhe define.

Durante o caminho da vida, o crescimento físico e mental, a maneira como encara os obstáculos e reúne forças para superá-los com honra e honestidade, é a assinatura que você imprime na tela do mundo, ganhando o respeito e a admiração dos seus pares.

E nos momentos mais difíceis, quando a tristeza lhe abate e o terror lhe comprime, quando as situações o impelem a desistir ou trilhar caminhos obscuros se apresentam, na fase mais complicada em que seus sonhos são contestados, é quando você precisa abrir o cofre de sua memória e sacar as apólices adquiridas de seus familiares, contendo caráter, ética, força de vontade, atitudes coerentes, passaportes para um novo patamar de sua vida, deixando dificuldades para trás com galhardia, lealdade e decência. É o que se chama de educação. É a base para qualquer ser humano direito, preparado para respeitar e se fazer respeitar através dos conceitos nos quais acredita e regem seus princípios. È o que lhe permite fazer parte dos agentes transformadores positivos e não dos derrotados profissionais.

O restante é cultura. Você está preparado para participar de uma sociedade saudável, em busca de ganhos intelectuais que produza ideais, que inclua e habilite pessoas para uma vida feliz.

Adquirir cultura é perceber o mundo ao redor, colocar a sensibilidade como antena receptora de todas as formas de pensar, aprender  a argumentar com intenção de colaborar; descobrir seus talentos para aperfeiçoá-los e compartilhar com humildade. Aprender a aprender para galgar novos níveis, socializando conhecimentos, postulando reconhecimento que eleve a autoestima e o faça um espelho para os mais jovens.

A cultura é todo o produto realizado pelo intelecto humano através dos tempos, e para isso é necessário agir com educação. A mesma educação produzida no colo, do berço às ruas.

Para adquirir cultura, e produzir cultura, é primordial agir com educação; para tanto, deve-se resgatar os valores recebidos desde o nascimento até seu momento atual no planeta. Só assim poderá se sentir um ser humano completo.

                                 Marcelo Gomes Melo
 


           O que você quer ser quando crescer? Ladrão!
 

- Meu filho, o que você quer ser quando crescer?

- Ladrão.

- O quê?! Ladrão por quê?

E assim começou a conversa que provou que o garoto estava se adequando a todos os requisitos sociais que o incluiriam no rol dos jovens com chances de serem bem sucedidos profissionalmente, preocupação de qualquer pai de hoje em dia, nesse mundo em caos.

O menino se adaptara facilmente a todas as ferramentas tecnológicas que adquiri pensando em auxiliar o seu desenvolvimento como ser humano; demonstrou enorme destreza manuseando computadores e celulares, surfando à vontade, livre e espertamente pelas redes sociais de todos os tipos, interagindo com seus pares e aprendendo truques lícitos e ilícitos para se dar bem burlando leis, driblando regras e levando vantagem em tudo, atropelando a tudo e a todos indiscriminadamente.

Ainda assim, a resposta fria, clara e cristalina a respeito da profissão escolhida me surpreendera. Um golpe no fígado de quem perdera noites de sono traçando metas e planos para transformá-lo em um homem de bem, responsável de seus deveres e consciente de seus direitos. Bem, pelo menos pensando em oferecer todas as alternativas para solidificá-lo como um homem honesto e cumpridor de seus deveres. E agora essa! Mas, isso merecia uma explicação imediata.

- Ladrão. Por que ladrão, meu rapaz?

A resposta foi de bate pronto, sem receios nem dúvidas. Apenas argumentação simples, real, acompanhada de fatos comprováveis. Apenas constatação dos motivos para a escolha.

Um ladrão não paga imposto. Não vota, portanto, não compactua com os bandidos de alto coturno que dizimam o país e seus cofres sem remorso ou piedade. Um ladrão não é hipócrita de criticar aos outros quando na verdade deseja estar no lugar deles, fazendo ainda pior em proveito próprio. Pode roubar de volta, dar o troco em vez de sofrer a frustração extrema de não ter a quem recorrer quando desprovido de seus bens, visto que são assaltados oficialmente, portanto equivaleria a se quebrar aos ladrões superiores.

Um ladrão não precisa demonstrar conhecimentos formais para aumentar o status pessoal; ao contrário, prefere esconder seus talentos para si mesmo.

Meu rosto estava cor de vinho e um nó na garganta me impedia de falar. Será que todas as ferramentas que ofereci para aperfeiçoar seus conhecimentos só serviram para transformá-lo em um cínico que aprendera a ver o mundo exatamente como ele é, e tomara uma posição completamente contrária ao que eu esperava? E além disso, os fatos me estrangulavam a ponto de não ter coragem, ou fatos melhores para contra argumentar e desconstruir esse desejo vil demonstrado por meu filho bom?

Ainda assim, suado e de olhos vermelhos, eu tinha a obrigação de tentar, em nome da honestidade, da civilidade e decência. Com o cérebro trabalhando a mil, murmurei com a voz distorcida, meio em câmera lenta:

- Meu filho... – ao que ele interrompeu automaticamente, pensativo, mais consigo mesmo do que comigo.

- Quem é que poderia me julgar, pai? É a escolha óbvia! – e me abraçando, concluiu suavemente, mas com firmeza.

- Pensando bem, essa profissão não me serve, pai. Deus poderia me julgar. E eu teria que prestar contas a ele...

 

                                Marcelo Gomes Melo
 

                       Só as mães sabem...

 
         Há um sistema único de confiança que transpõe todo e qualquer limite pré-programado por controladores das sociedades existentes. Algo que, por ser intrínseco, foge às normas de segurança definidas pelo frio na barriga ou pelo temor do desconhecido.
          Esse sistema abençoado acopla-se à natureza com desenvoltura, acresce beleza à paisagem e ternura ao caos. Não se pensa sobre ele. Não é algo que se discuta. Psicólogos discorrem a respeito e religiosos se impressionam e dão graças; todos reconhecem e agradecem.
          Quando todo perigo é reduzido a nada e toda necessidade é uma promessa de satisfação. Inquietação se transforma em tranquilidade, mares bravios em calmarias e tormentos em sonhos.
          O poder de amainar tempestades e consolar terrores, transferindo sensações protetoras e calmantes em ondas, eternizando os momentos através de uma vida inteira! E volta a acontecer repetidamente, em qualquer lugar do mundo, com qualquer ser humano de qualquer classe social, em qualquer tempo. Não importam as convicções, as filosofias, a sensibilidade ou a ausência dela; esse sistema de confiança atinge a todos pelo menos uma vez durante a própria existência. E permanece para sempre.
 
 
         
             Estamos nos referindo ao amor de mãe. Quando nada é maior ou mais poderoso e garante a luz que reflete nas estrelas, e o bebê é capaz de dormir tranquilo nas condições mais adversas. É a condensação da paz ilimitada. Por que isso acontece? Só as mães sabem...
                                           Marcelo Gomes Melo

                 Crianças, ou adultos em miniatura?

           Uma professora agredida por uma criança de oito anos, violentamente, com uma mesa, fazendo-a parecer um personagem de filmes de terror americanos, a testa aberta e o rosto se esvaindo em sangue. A suposta explicação: o garoto era extremamente agressivo e apresentava problemas psicológicos há tempos, e fazia parte da proposta de inclusão, porque assim se afirma que seu comportamento se tornará melhor. Esperem aí! Isso não é patologia encontrada em, no máximo adolescentes? Argumentando como leigo, é claro, me pergunto se tais comportamentos agora infestam crianças; e se logo, logo os recém-nascidos, nos berçários apresentarão distúrbios comportamentais tão sérios que as enfermeiras passarão a andar armadas com escudos e cassetetes da tropa de choque.

          A partir desses acontecimentos bizarros surgem diversas hipóteses, tendo em vista a formatação da sociedade atual, guiada pela televisão, que molda o comportamento da grande maioria das pessoas e, ao que parece, sempre para pior.

          Primeiro surgiram os pais  cafetões, radicalizando o que antes era mais light com as mães de misses, ou as mães empresárias que obrigavam as meninas a se tornar bailarinas, realizando os sonhos que elas, mães, não conseguiram realizar. Esses pais modernos obrigam os filhos a vestir terno e gravata, beber ovo cru e fazer enormes sacrifícios para encher o bolso de dinheiro. Fama é tudo, ser tratado e respeitado como um ser humano é nada. Mesmo sendo o próprio filho, criança ou adolescente.

          Surge uma indústria inteira, mobilizando muito dinheiro, de crianças se vestindo e falando como adultos, treinados a usar maquiagem, shortinhos e roupas inadequadas para a idade, pensar como se fossem adultos ávidos pelos quinze minutos de fama, ignorando fases importantes de desenvolvimento pessoal, de vida e de educação. Não brincam como crianças normais, não realizam os afazeres importantes a crianças normais e abdicam dos prazeres infantis extremamente necessários a todas as crianças normais.

          A produção de adultos em miniatura está em pleno desenvolvimento, e com ela, todos os malefícios que se escancaram e chocam aos que tiveram infância e aprenderam a respeitar todas as etapas necessárias à formação de um ser humano útil e saudável.

          O que presenciamos hoje em dia são cenas estarrecedoras que se repetem em diversos lugares e situações, e que sugerem que a fôrma de psicóticos aceita candidatos cada vez mais jovens, como maior capacidade destrutiva a cada momento. E os responsáveis? Quem são os responsáveis? Como os faremos pagar e como essa situação trágica vai mudar? Para melhor, quero dizer. Como? Como?


                                        Marcelo Gomes Melo
 
 

                            A culpa é do povo!
 
É fato que as pessoas nos enxergam, não pelo que somos, mas pelo que elas acham que somos; não pelo que temos, mas pelo que imaginam que temos, seja financeiramente, politicamente ou no que diga respeito a poder e influência. Isso criou alguns clichês, como “a primeira impressão é a que fica”, e isso praticamente nos incentiva a criar uma imagem pública que seja positiva, invejável e ideal. E essa atitude cria novos clichês.
Tendo esse incentivo, outro fato nos salta aos olhos: nós criamos um perfil de quem achamos que somos, e não de quem somos realmente; e é fácil imaginar que somos sensacionais, éticos, bondosos e maravilhosos, esquecendo, varrendo os defeitos para debaixo do tapete. Ah, outro clichê, então: “as aparências enganam”.
Vamos considerar que tudo isso seja balela e que todos vivem e cultuam uma sociedade irreal, montada sob as etéreas bases de primeiras impressões e de enganos propiciados pelas aparências, mas com problemas reais, impossíveis de serem solucionados virtualmente, pelos heróis criados por nós mesmos, mas que jamais conseguem mudar o estado de coisas, causando angústias e consequentemente uma busca incessante por culpados.
Tomados pela inquietude culpamos as Instituições, os políticos, a mídia, a natureza... e ninguém assume qualquer parcela de culpa, jamais.
Como já disse Luis Fernando Veríssimo em uma de suas brilhantes crônicas, a culpa é do povo! O povo é cheio de defeitos; o povo sujeito indeterminado. O povo é o responsável pelas agruras sofridas diariamente, pela escassez de recursos do planeta, pela provável extinção da vida como a conhecemos.
A nós, resta refletir, macambúzios, quem raios é o povo?! “O povo são os outros?”.

                                   Marcelo Gomes Melo

 

 

                  A maneira mais eficiente de estudar

          Como é que se estuda? Quero dizer, qual é a maneira mais eficiente de estudar? Estudar, é claro, é a maneira de agir quando se deseja aprender algo a respeito de alguma coisa, para uso imediato ou em curto prazo. Ninguém, entretanto, parece estudar para adquirir conhecimentos para a vida toda. O imediatismo rege as escolhas e as necessidades das pessoas, então se deduz que estudar é algo extremamente chato e só se estuda quando se quer algum benefício velozmente.

          É por isso que muitos irão definir a melhor maneira de estudar como decorar. Decore o que provavelmente lhe será útil e em seguida descarte, logo que o resultado seja positivo às suas expectativas. Outros dirão: acomode-se em um ambiente tranquilo, silencioso, mantenha o foco em suas atividades e mãos à obra. A concentração trará resultados. Mesmo assim, a ideia de que terá que submeter-se a uma ação bastante chata permanece; estudar nessas definições é o mesmo que contornar uma obrigação com objetivos específicos e que serve apenas a determinados momentos da vida. Estude por obrigação. Obrigue-se a estudar. Faça-o apenas quando achar que precisa. Se não puder driblar essa necessidade através de atitudes antiéticas como colar, consultar disfarçadamente, enganar...

          Ainda assim a pergunta se repete: como é que se estuda? Qualquer adolescente não hesitará em lhe dar sua receita infalível de estudar; pego meu livro, sento em frente à televisão na sala, com meu prato de arroz com feijão no colo e o fone em um dos ouvidos, porque o outro serve para ouvir a amiga ao celular; o notebook ao meu lado, conectado à rede social, para me certificar de manter contato com o maior número de colegas possível, enquanto assisto vídeos de minha banda favorita, e pronto! Só não funciona quando minha mãe fica gritando da cozinha, atrapalhando minha concentração.

          A verdade é que estudar não é nada disso. Ou, pelo menos, não deveria ser nada disso. Estudar é um processo muito mais simples e o objetivo vai além do imediatismo, da aquisição de conhecimento descartável e inútil. Estudar é se deixar encantar! É aprender sem perceber que está aprendendo, guardar ao invés de decorar. É saber, após diversos anos, que aquele conhecimento foi conservado e sua utilidade se comprova através dos tempos. Estudar é concentrar-se pelo sorriso, indignar-se com as informações das quais discorda, e que vai lhe ensinar a aprimorar o poder de análise e crítica, utilizando o conteúdo para ajudar a formar a própria opinião. Estudar é aprender a manter a mente e o coração abertos para todas as possibilidades, construindo a própria grandiosidade. Estudar é só isso. Muito disso. Ou tudo isso.

                                          Marcelo Gomes Melo
 

  PROJETO FESTIVAL DE POESIAS 2014

“Amores de todas as cores”
I – Do projeto
Inserido nos gêneros artes/mídias, literatura e estudo, e utilizando-se dos recursos multimodais, o Festival de Poesias visa instigar e possibilitar a produção original de textos poéticos por parte dos alunos, tanto do ensino fundamental quanto do ensino médio, de maneira livre e criativa.
Para que tais objetivos sejam alcançados, faz-se imprescindível um suporte interdisciplinar por parte dos professores durante suas aulas, interligando cada conteúdo específico à poesia de todos os estilos, fomentando a pesquisa e a criação de textos individuais. Durante o período de inscrições, oficinas de poesia serão oferecidas incidentalmente com professores e poetas convidados para prestar auxílio e orientações.
II – Do regulamento
Estarão aptos a participar do Festival de Poesias todos os alunos devidamente matriculados e frequentes na Unidade Escolar, inscrevendo-se em seu respectivo nível, a saber:
Nível I: alunos de sexto e sétimo ano, ensino fundamental;
Nível II: alunos de oitavo e nono anos, ensino fundamental;
Nível III: alunos de primeiro, segundo e terceiro anos, ensino médio.
Os textos poéticos deverão ser originais, produzidos pelo aluno-poeta e entregue em três vias, digitadas em tamanho 14, fonte Times New Roman, espaçamento 1,5, dentro do período de recebimento de inscrições pré-estipulado.
Não serão aceitos trabalhos após a data limite.
Os textos reconhecidos pela banca examinadora como plágio, parcial ou completo, estarão automaticamente excluídos do Festival, sem direito a recurso.
A inscrição é gratuita, cabendo ao aluno-poeta apenas a entrega, no ato da mesma, as três vias do poema em papel sulfite A4 ou através do formulário de inscrição no blog.
III – Das inscrições
As inscrições serão iniciadas em17/03/2014 e se efetivarão através do preenchimento do formulário contendo:
Nome completo, série, e-mail, nome da poesia, arquivo contendo o texto original.
O encerramento das inscrições se dará no dia 10/04/2014, impreterivelmente.
IV – Do julgamento
Encerradas as inscrições inicia-se a fase de pré-julgamento das poesias, realizada por uma bancada de professores que analisarão:
- originalidade e ineditismo;
- desenvolvimento do tema;
- linguagem utilizada (culta/informal) dentro da proposta observada;
- criatividade e estética.
Para cada item serão atribuídas notas de zero a dez, que somadas definirão a nota do aluno-poeta. Os três textos que atingirem as notas mais altas em cada nível serão os finalistas, apresentados ao vivo na cerimônia de premiação, recitados pelo autor ou algum aluno indicado por ele, previamente.
Caberá à bancada julgadora, através de votação escolher a ordem dos textos premiados, conforme notas de zero a dez, incluindo eficiência na leitura.
V – Da premiação
A premiação simbólica se dará na cerimônia de apresentação dos textos finalistas, a saber:
- Entrega de certificados personalizados para cada participante, finalistas ou não;
- Entrega de premiação simbólica aos três primeiros colocados.
 
Produção de um caderno com todas as poesias produzidas e seus respectivos autores para fazer parte do acervo particular da escola, preservando para a posteridade os trabalhos realizados.
                          Marcelo Gomes Melo

 

                          Amores de todas as cores


Amplie o seu modo de pensar. Abandone as definições protocolares sobre o que é o amor e de como é amar. Desenvolva o talento da permissão; permita a si mesmo deixar fluir o pensar, o ser e o pertencer. Conecte-se ao universo partícula por partícula! Desligue-se do que é padronizado, afaste-se dos impulsos de excluir, de discriminar por opiniões diferentes, posicionamentos políticos contrários, opções sexuais divergentes, tom de pele ou linguajar diferenciado... Simplesmente inclua-se. Ouça e entenda, antes de falar. Compartilhe ao invés de dividir; conteste sem afastar. Desfrute das cores, dos sonhos, da vida! Os números são infinitos.

O amor é resiliente, é a cola que une as partículas, a ponte que intermédia as atitudes, é a chama da autoestima e  não cobra por isso. Não é preciso nada além de se fazer presente e deixar o amor se apossar, corpo e alma, diluindo decepções, pondo de lado recalques, substituindo tristezas.

Os amores de todas as cores, de todos os sons, de todas as nuances, gratuito, desprovido de impostos, incorruptível, com todos os seus artifícios. O amor paterno. O amor materno. O amor a Deus. O amor sensual, sexual; o amor pela natureza. O amor pelos animais, pela vida, pelo trabalho. O amor pelos esportes, o amor próprio... Enfim, todo amor é instrutivo, é saudável, construtivo e viável. Se não o for, não é amor.

Conscientize-se de que é importante falar, escrever, ler, agir, expressar todo esse amor; como paliativo às dores, alternativa à intolerância e demonstração cabal de que um gesto, um pensamento, uma atitude são essenciais para controlar o universo, particular e coletivo.

Fale de amor, sinta! Ame! Feliz dia internacional das mulheres!

 
                              Marcelo Gomes Melo


                                Paus e pedras podem quebrar meus ossos, mas palavras...


           Era um garoto dificultoso, o Trapizomba. Moleque chato, irrequieto, hiperativo, com sua voz esganiçada e falta de educação perene... Sempre se intrometendo nas conversas, de adultos e jovens, indiscriminadamente, o que fazia dele, mesmo tão jovem, persona non grata no bairro. Os pais, coitados, o admoestavam como podiam; até aplicavam-lhe algumas surras de vez em quando, típicas de pais preocupados, mas que não apresentavam utilidade alguma, porque Trapizomba não melhorava, e parecia ter couro de jacaré; apenas piorava o já nocivo comportamento social. Já podia ser considerado, sem dúvida, o inimigo público número um do povo!

          Trapizomba era articulado como um político corrupto, em seu modo falho de usar a língua pátria. Criara um slogan ninguém sabia de onde e o repetia após qualquer represália sofrida, sempre após se colocar a uma distância segura dos agressores: “Paus e pedras podem quebrar meus ossos, mas palavras não me atingem”. E isso irritava ainda mais!

          No colégio ele puxava os cabelos e roubava as piranhas das meninas, pedia pedaços de sanduíche, goles de refrigerante... Enchia a paciência até apanhar. Então chorava, fazia escândalo, e quando era libertado colocava-se logo a uma distância segura em que pudesse correr, só para provocar e debochar dos algozes. “Paus e pedras podem quebrar meus ossos...”.

          Certa vez Trapizomba atrapalhou tanto a uma reunião dos colegas de colégio que tentavam jogar vídeo game na casa de Antonio, um de seus amigos de classe, que este desfiou por completo uma passadeira da mãe dele só para enforcá-lo numa arvorezinha do quintal.

          “NÃO, TOTOINHO, EU VOU MORRER!”, ele urrava com a voz engasgada, olhos esbugalhados, enquanto era içado pela corda improvisada.  A chegada da mãe de Antonio o salvou, e ele correu para a rua massageando o pescoço; ao chegar à esquina, considerando um local seguro, passou a dançar e repetir seu bordão com a voz irritante, avacalhando com os garotos até provocar uma perseguição.

          Na mercearia do “seu Fagundinho” Trapizomba amassava as frutas e mordia algumas, largando depois entre as outras; derrubava legumes e saía chutando tubérculos pelos corredores, narrando partidas de futebol, empurrando os carrinhos dos clientes para os lados e furando as embalagens. Quando “seu Fagundinho” aparecia esbaforido, ele fugia para a rua, e se punha a rebolar enervando o dono da mercearia berrando seu bordão até ficar vermelho.

          O garoto costumava atormentar a freiras, padres, jovens e adultos igualmente. Nessa época não havia bullying nem direitos unilaterais, proteção a delinquentes nem direitos humanos apenas para corruptos desprovidos de caráter; tampouco justiça com as próprias mãos, mas parecia que as adversidades desse tipo eram bastante menores. E as más atitudes de Trapizomba não eram nem de longe tão graves quanto as praticadas hoje em dia por muitos garotos na mesma faixa etária.

          Trapizomba sofria as punições por suas pequenas maldades imediatamente, quer fosse através de gritos e xingamentos por parte dos adultos, quer fosse através de cascudos e rasteiras por parte dos colegas; ás vezes também sofria a justiça divina, coisa que nos dias atuais não funciona com bandidos, sacanas e afins, de forma nenhuma.

          A punição divina em questão foi assim tratada por todos justamente porque tinha a ver com o slogan filosófico usado pelo famigerado Trapizomba: “Paus e pedras podem quebrar meus ossos, mas palavras não me atingem!”. Ao entrar na loja de materiais para construção com o intuito de perturbar a paciência alheia, o garoto não percebeu que o dono havia mandado reformar a fachada, e num andaime acima da porta muitas letras enormes, de madeira e blocos de mármore se acumulavam, para serem inseridas pelos pedreiros na nova fachada. Ao ser expulso pelos clientes da loja, Trapizomba voou para a porta, gargalhando, até ser interrompido por uma das vigas que sustentavam o andaime, metendo a cara e se estourando no chão. Automaticamente o andaime cedeu e o soterrou com as pedras e as letras de madeira que formavam o nome da loja: “VEM QUE TEM!”.

          E dessa vez Trapizomba percebeu que as palavras também o atingiam, de uma forma ou de outra.
                                      Marcelo Gomes Melo
 

                            Desafios da vida contemporânea para as práticas de ensino da língua portuguesa


          O ensino da língua portuguesa na sociedade contemporânea tem apresentado inúmeras dificuldades e desafios por conta da evolução constante dos indivíduos e do surgimento de novas maneiras de pensar e agir individual e coletivamente, da quantidade de informação obtida e da velocidade com que ocorre, alcançando automaticamente a um número maior de pessoas e exigindo ações eficazes com o intuito de facilitar a decodificação e produzir seres capazes, reflexivos e críticos, que formem opiniões e participem diretamente da vida em sociedade.

          O impacto decisivo causado pela globalização nos meios educacionais, principalmente motivados pelas novas tecnologias, possibilitou maior acesso aos chamados letramentos extraescolares, que mostraram ser necessários além dos gêneros escolares na capacitação de alunos competentes. As práticas de ensino-aprendizagem, então, requerem novas estratégias e ações que visem superar os desafios surgidos ao mesmo tempo, adequando a língua portuguesa às necessidades prementes do educando desejoso de inserir-se ativamente no mundo social.

          As dificuldades, entretanto, surgem exatamente no acesso da grande massa de alunos não pertencentes à elite, ao encontrarmos indivíduos distanciados da norma culta da língua, com a sensação de que a mesma é desnecessária porque jamais a utilizarão. O fato de os profissionais lidarem com uma língua bastante complexa e assustadora pode aparentar que é arcaica e ultrapassada; em contrapartida, as dificuldades de uso das ferramentas tecnológicas por parte dos professores colaboram para que os problemas aumentem e afastem os educandos de um mergulho  mais proveitoso e sem traumas.

          A resistência do corpo docente às mudanças é outro desafio a ser superado, assim como uma maior participação da família na educação dos filhos; família essa que hoje apresenta moldes bem diferentes dos originais, tornando-se mais uma dificuldade a transpor para encaixar um ensino que demonstre eficácia.

          Antigamente a vida cotidiana  não fazia parte da cultura escolar, e os saberes ensinados pela escola diferiam dos saberes cotidianos, coisa que hoje em dia é impossível separar. A utilização dos recursos tecnológicos para produzir conhecimento, desde que devidamente dominados pelos profissionais, fatalmente diminuirá a distância entre escola e dia-a-dia, modernizando a aprendizagem, tornando-a atraente e prazerosa, despertando um interesse natural sem táticas de motivação artificiais ineficientes.

          Cabe à escola reconhecer que não mais detém o monopólio, passando a utilizar novas linguagens e saberes além dos já consagrados, favorecendo o desenvolvimento de uma juventude até bem pouco tempo ausente dos benefícios da educação formal por diversos motivos.

           A democratização do ensino em geral favorecerá ao ensino da língua portuguesa, desde que tais desafios sejam percebidos e superados por uma ação coletiva e consciente.

 
                                             Marcelo Gomes Melo
 

 
 

Para ler e refletir

A lapa voluptuosa

  Era uma lapa de bife de uns cinco quilos, sem mentira nenhuma! Estava lá, exposto para quem quisesse ver e desejar, rosado, fresco, maci...

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